27 de setembro de 2012

Amartya Sen e a Ideia de Justiça

Caros(as),
  acaba de ser publicado o último volume da Revista Brasileira de Ciência Política (Ipol/UnB), uma resenha, escrita em conjunto com o Prof. Alexandre Araújo, sobre o último livro de Amartya Sen, "A Ideia de Justiça", Companhia das Letras, 2011.

Ressaltando e, ao mesmo tempo, opondo-se à análise de Rawls sobre a justiça, Amartya Sen contrapõe-se à vertente idealista hegemônica do pensamento político sobre a teoria da justiça, focada na formulação racional de arranjos organizacionais, que se posiciona Amartya Sen ao falar sobre o “institucionalismo transcendental” (SEN, 2011, p. 56), destacando o risco de reduzir as avaliações sobre a justiça em retórica vazia ao abordar o problema sob o estrito enfoque da perfeição das instituições, dificultando, por sua vez, a remoção de injustiças em situações concretas.


Opondo utilitaristas a institucionalistas, a partir do conceito de racionalidade limitada, Sen procura resgatar análises comparativas sobre o justo em relação a particularidades dos casos, o que não teria recebido o devido cuidado na formulação rawlsiana sobre a justiça como equidade, e, pontua a “dependência mútua” (SEN, 2011, p. 142) entre abordagens transcendentais e comparativas como meio de escapar do paroquialismo cego de sua limitação posicional.  

Trata-se de um livro interessante, e que já ganhou lugar de destaque nos atuais debates sobre as formulações contemporâneas do justo no contexto global marcado por desigualdades sociais e regionais, cujas abordagens institucionalistas, muito influenciadas por autores como Rawls e Mangabeira Unger, tem encontrado muitas resistências diante dos inúmeros conflitos humanitários.       

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