10 de novembro de 2009

A imprensa e os temas jurídicos: uma relação difícil.

Uma breve leitura ou 20 minutos em frente a TV vendo e ouvindo comentários de alguns jornalistas e apresentadores, verdadeiros juristas de escol, com rompantes de grandes oradores e animadores circenses, são suficentes para perceber como a imprensa brasileira desconhece, ou dá pouca importância, alguns temas importantes sobre o direito e as relações jurídicas no Brasil.
O recente caso da garota Geyse é um bom exemplo do que eu digo. Como aguentar um time de apresentadores formado, entre outros por Luciana Gimenez e José Luiz Datena, tecendo considerações sobre "princípios gerais do direito" entre outras pérolas dignas de nota nos manuais do que não se fazer no jornalismo.
Entrevistas e convites a operadores do direito, sempre apontados como "renomados juristas" parecem a todo momento contradizer informações e confundir o público sobre conceitos como contraditório e ampla defesa, além de demonstrar total parcialidade no trato da matéria, incitando o desejo dos espectadores de ver "punidos criminalmente" os algozes de Geysa e responsáveis por tamanho absurdo.
Não se está aqui defendendo o ato de expulsão da estudante pela Uniban ou mesmo, e pior seria, ou as expressões do machismo e preconceito que constrageram a jovem, mas.... é preciso tratar as coisas com o mínimo de seridade e compromisso. Ou seja, não é porque o STF, acertadamente, decidiu que não é necessário diploma de jornalista para o exercício da profissão de repórter, redator, etc... ( como garantia da própria liberdade de expressão), que alguém possa utilizar um meio de comunicação de massa pra falar barbaridades com ar de "cult" (na verdade até pode, mas haja saco pra aguentar viu!).
Já falei sobre isso aqui no blog, esse assunto dá pano pra manga e ainda pode ser bem explorado, principalmente pelo pessoal de comunicação.

2 comentários:

Fábia disse...

Pergunta de um pessoal da Comunicação: o que te faz defender o fim do diploma de Jornalismo?

Anônimo disse...

Douglas,
vivemos na república do sensacionalismo, onde escândalos não são vistos com olhos imparciais ou profissionais, mas como partes envolvidas e atingidas clamando por uma justiça que recorda o tempo da vingança privada, sem oportunidades de defesa ou qualquer manifestação do dito vilão.
É só recordar os grandes crimes que emocionaram todo o país, em que não se buscava “justiça” em conformidade com as instituições penais, mas penas em consonância com o sofrimento popular.
Saliento, que principalmente na seara a penal a mídia é responsável por pressões que geram leis totalmente casuísticas, como o acréscimo ao rol de crimes hediondos depois da morte de da filha de Glória Peres.
Em outras áreas se observa uma imprensa irresponsável que se preocupa em aumentar o IBOPE e repassar notícias infundadas ou representadas por meias verdades, como no caso do possível leilão do parque da Jaqueira para construção de espigões de grandes construtoras, respaldados por parecer jurídico.
Por fim, concordo com a opinião do STF quanto à inexigibilidade de diploma para o exercício da profissão vinculada ao direito de liberdade de expressão, não se podendo, entretanto, esquecer que todo direito gera conseqüentemente um dever, de ser exercer a liberdade de expressão nos limites constitucionais, assegurado os demais direitos.